ARTIGO

Cibersegurança Pós-Quântica

Origem e Contexto da Cibersegurança Pós-Quântica

As tecnologias de criptografia tradicional—principalmente baseadas nos algoritmos RSA, DSA, Diffie-Hellman e curvas elípticas — são pilares fundamentais para a segurança de redes, comunicações e transações digitais. Entretanto, a iminência da computação quântica, cujos primeiros protótipos já realizam operações de processamento paralelo inatingíveis por computadores clássicos, inaugura um novo paradigma de risco conhecido como “The Quantum Threat”.

O desenvolvimento da cibersegurança pós-quântica tem origem nas descobertas teóricas de Peter Shor, que em 1994 criou o “Shor’s Algorithm”, demonstrando que computadores quânticos podem fatorar grandes números inteiros e resolver o problema do logaritmo discreto em tempo polinomial. Isto inviabiliza protocolos clássicos de chave pública e compromete infraestruturas PKI, VPNs, blocos de assinatura digital e todos os setores dependentes dessas ferramentas.

Em resposta, universidades, órgãos reguladores (como NIST, ETSI, ISO), empresas e governos alinharam esforços para desenvolver e padronizar mecanismos de criptografia capazes de resistir a ataques quânticos—os chamados algoritmos pós-quânticos (PQC, do inglês “Post-Quantum Cryptography”) criando assim um novo ecossistema de pesquisa, padronização e soluções comerciais.

Fundamentos e Tipos de Criptografia Quântica

A criptografia quântica explora princípios fundamentais da mecânica quântica, principalmente a superposição, o entrelaçamento (entanglement) e a impossibilidade de medir o estado de uma partícula sem perturbá-lo (Princípio da Incerteza de Heisenberg). Os principais mecanismos e aplicações são:

Distribuição Quântica de Chaves (QKD): protocolos como BB84 e E91 utilizam estados de polarização de fótons para transmitir chaves simétricas. Se um terceiro tentar interceptar o canal, as propriedades físicas das partículas se alteram, gerando discrepâncias estatísticas detectáveis pelo receptor. Aplicações comerciais: Trusted Nodes e redes metropolitanas de QKD, já implementadas em bancos suíços e órgãos governamentais chineses. Vantagem: Garantia de detecção de interceptação com segurança incondicional (dentro dos limites das leis físicas atuais).

Criptografia Pós-Quântica (PQC): algoritmos desenvolvidos para serem executados em computadores clássicos, mas resistentes à computação quântica. Exemplos: Kyber, NTRU, FrodoKEM (baseados em redes/lattices); McEliece (códigos de erro); Falcon e Dilithium (assinaturas digitais pós-quânticas); Rainbow (multivariado). Status: NIST está em processo final de padronização, recomendando a adoção híbrida com métodos clássicos durante a transição.

Comunicação quântica baseada em entrelaçamento (Entanglement-Assisted Communication): empregado em experimentos de teletransporte quântico e redes quânticas—essenciais para construir a “Quantum Internet” do futuro.

Random Number Generation (QRNG): geradores quânticos de números aleatórios, fundamentais para criar chaves criptográficas verdadeiramente imprevisíveis. Soluções completas de segurança quântica: Integração de QKD com protocolos TLS/SSL e PKI pós-quântica, já sinalizados em projetos da ETSI e ISARA.

Fonte: https://www.newscientist.com/lastword/mg26635380-900-how-do-two-photons-become-quantum-entangled-and-can-i-do-it-at-home/

O Impacto da Computação Quântica e Soluções Propostas

Com a chegada da computação quântica de larga escala (“fault-tolerant quantum computers”), paira um risco sistêmico à confidencialidade e à autenticidade das informações críticas, devido à capacidade:

  • De decifrar comunicações passadas e presentes (“Harvest now, decrypt later attack”).
  • De comprometer infraestruturas de identidades digitais e cadeias de certificação.
  • De romper protocolos VPN/TLS, impactando transações bancárias, sistemas eleitorais, eSG, fintechs e ambientes industriais (“OT”). 

Soluções de mitigação:

  • Migração para PQC: Assessment de ativos, inventário de chaves e dados, implantação de soluções híbridas (PQC + RSA/ECC) e atualização periódica, conforme diretrizes do NIST e ENISA.
  • Adoção de QKD: Implementação de redes físicas seguras para backup e sistemas críticos de comunicação, especialmente entre datacenters, centrais financeiras e órgãos diplomáticos.
  • Gestão de ciclo de vida de chaves quânticas: Integração com Hardware Security Modules (HSM) habilitados para QRNG/PQC.
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Impactos em Ambientes Cloud, Serviços de TI, VPNs, Bancos de Dados, Aplicações e Comunicação

A cibersegurança pós-quântica redefine fundamentos operacionais, destacando-se nos seguintes ambientes:

Cloud Computing: Provedores multicloud (AWS, Google, Azure) já experimentam PQC integrado a TLS/TLS 1.3 e Hardware Root of Trust. Cresce a adoção de QRNG para key management services. Projetos-pilotos de QKD entre datacenters estão em andamento na Europa e Ásia.

Serviços de TI e DevSecOps: Repositórios de código, SDKs e APIs precisam estar compatíveis com protocolos e bibliotecas PQC, além de validações de comunicação segura entre microsserviços.

VPNs e Redes Corporativas: Protocolos IKE/IPSec e SSL/TLS migram para soluções híbridas, enquanto QKD é empregado em links críticos (por exemplo, governo, defesa, bancos internacionais).

Bancos de Dados (DBMS): Algoritmos de criptografia “at rest” e “in transit” devem incorporar PQC. Soluções de tokenização e masked data para ambientes SQL/NoSQL já atentas a requisitos do NIST.

Aplicações Corporativas: Softwares ERP, CRM e plataformas financeiras devem garantir compatibilidade com autenticação e assinatura digital pós-quântica.

Comunicação Empresarial: Plataformas de e-mail, VoIP e chats empresariais (compliance/forensics) se adaptam para não expor chaves de sessão, integrando PQC e, futuramente, QKD.

Perspectiva de Órgãos e Reguladores Globais

Instituições internacionais impulsionam a agenda em torno da criptografia quântica e pós-quântica:

World Economic Forum (WEF): Publicou o relatório “Quantum Computing Governance Principles”, listando a urgência na adoção de PQC em setores de infraestrutura crítica e recomendando coalizão público-privada. Destaca o papel das “arquiteturas de transição” e o perigo do “decrypt later”.

ENISA (European Union Agency for Cybersecurity): Emitiu guidelines como “Post-Quantum Cryptography: Current state and quantum mitigation”, que orientam inventário de dados valiosos, avaliação de risco, suporte à atualização gradual e ênfase em linhas híbridas de defesa. O plano europeu Quantum Flagship estipula investimentos robustos em redes QKD e bancos de dados regulados.

Banco Central do Brasil (BACEN): Em white papers recentes (por exemplo, “Open Banking and Quantum Computing”), o órgão endossa monitoramento contínuo das recomendações do NIST e European Central Bank, exigindo dos bancos inventários de algoritmos vulneráveis e estratégias de atualização de criptografia em compliance com PCI-DSS, LGPD, e ISOs internacionais de segurança.

Soluções da QuintessenceLabs para o Cenário Pós-Quântico

A QuintessenceLabs (QLabs) é referência global em produtos de cibersegurança baseados em princípios quânticos:

QRNG Appliance: Geração de entropia genuinamente quântica para aplicações de missão crítica, com APIs para integração a HSMs e clouds.

QKD Integrada: Deploy de backbone QKD entre centrais ou datacenters, com monitoramento ativo contra interceptação e infraestrutura redundante para continuidade de negócio.

Key Management Service (qCrypt): Gestão centralizada, compatível com políticas NIST, FIPS, PCI, LGPD, com suporte a algoritmos PQC e APIs PKCS#11.

Orquestração Multi-cloud Quantum Ready: Migração e proteção sobre AWS, Azure, GCP e clouds privadas com compliance automatizado e alertas para ativos vulneráveis na transição quântica.

A QLabs conta com certificação global, parceria com ETSI, NIST e bancos internacionais, sendo um player fundamental para qualquer organização que vise resiliência frente à threat landscape pós-quântica.

Conclusão

A adoção da cibersegurança pós-quântica é inadiável frente à “corrida quântica” e exige convergência entre pesquisa, regulação e inovação corporativa. A preparação estratégica—alicerçada em avaliações técnicas, governança de risco, capacitação de equipes e adoção de parceiros líderes—dictará os vencedores na transição para a era digital sob a ameaça quântica. Organizações que se anteciparem estarão protegidas quanto ao sigilo e à autenticidade de suas operações no futuro, garantindo compliance, inovação e competitividade.

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